Diagnóstico de Comunicação Interventricular: exames essenciais em neonatos
Postado em: 21/03/2025
A Comunicação Interventricular (CIV) é um dos defeitos cardíacos congênitos mais comuns e ocorre quando há uma abertura anormal na parede que separa os ventrículos do coração. Essa anomalia permite a passagem indevida de sangue entre os ventrículos, alterando a circulação e podendo sobrecarregar o coração e os pulmões.

O diagnóstico precoce é essencial para definir a abordagem terapêutica mais adequada e evitar complicações futuras. Saiba mais!
O que é a Comunicação Interventricular?
A comunicação interventricular ocorre quando há uma abertura no septo interventricular, estrutura responsável por separar os ventrículos direito e esquerdo do coração. Essa anormalidade faz com que o sangue oxigenado do ventrículo esquerdo passe para o ventrículo direito, aumentando o fluxo sanguíneo nos pulmões e podendo causar sobrecarga cardíaca.
O impacto da CIV depende do tamanho do defeito e da quantidade de sangue que passa entre os ventrículos. Em alguns casos, o defeito pode se fechar espontaneamente nos primeiros anos de vida, enquanto em outros pode ser necessário tratamento cirúrgico.
Sinais que indicam a necessidade de investigação
Nem sempre a COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR apresenta sintomas logo após o nascimento. Os sinais podem variar conforme o tamanho da abertura e a quantidade de sangue que passa pelo defeito.
Os sintomas mais comuns incluem:
- Sopro cardíaco, detectado pelo pediatra durante a ausculta.
- Dificuldade para mamar, devido ao esforço cardíaco aumentado.
- Respiração acelerada e dificuldade respiratória, indicativos de sobrecarga pulmonar.
- Suor excessivo, especialmente durante a alimentação.
- Baixo ganho de peso, reflexo do esforço aumentado para manter a circulação.
Quando esses sinais estão presentes, exames complementares são necessários para confirmar o diagnóstico e avaliar a gravidade da condição.
Exames essenciais para o diagnóstico de Comunicação Interventricular
A confirmação da comunicação interventricular em recém-nascidos depende de exames de imagem e testes cardíacos que permitem visualizar o defeito e seu impacto no fluxo sanguíneo.
O ecocardiograma com Doppler é o principal exame para o diagnóstico da CIV. Ele utiliza ultrassom para gerar imagens detalhadas do coração, permitindo identificar a localização e o tamanho da abertura no septo interventricular. Além disso, o Doppler avalia o fluxo sanguíneo entre os ventrículos, ajudando a determinar a gravidade da condição.
O eletrocardiograma (ECG) pode ser realizado para detectar sinais de sobrecarga cardíaca, especialmente em casos de CIVs maiores. Esse exame analisa a atividade elétrica do coração e pode indicar aumento no esforço do ventrículo esquerdo ou direito.
O raio-X de tórax auxilia na identificação de sinais indiretos da comunicação interventricular. Ele pode revelar aumento do tamanho do coração e sinais de congestão pulmonar, indicativos de sobrecarga circulatória.
A oximetria de pulso pode ser utilizada para medir os níveis de oxigenação no sangue do bebê. Em casos mais graves, pode haver queda na saturação de oxigênio, sugerindo um comprometimento da circulação.
Em situações mais complexas, pode ser necessário um cateterismo cardíaco. Esse exame invasivo consiste na inserção de um cateter nos vasos sanguíneos para avaliar com precisão o fluxo sanguíneo e as pressões dentro do coração. O cateterismo também pode ser útil para planejar o tratamento cirúrgico quando necessário.
A importância do diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce da comunicação interventricular permite um acompanhamento adequado do bebê e a definição da melhor estratégia de tratamento. Nos casos de CIVs pequenas, o acompanhamento regular pode ser suficiente, pois muitos defeitos fecham espontaneamente. Já nas CIVs maiores, a intervenção precoce pode evitar complicações, como insuficiência cardíaca e hipertensão pulmonar.
A avaliação detalhada por meio de exames de imagem possibilita que a equipe médica determine a melhor abordagem para cada bebê. Em alguns casos, a indicação cirúrgica pode ser feita nos primeiros meses de vida para evitar sobrecarga cardíaca e pulmonar.
O que acontece após o diagnóstico?
Após a confirmação da “comunicação interventricular”, o cardiologista pediátrico define o plano de acompanhamento e tratamento. Nos casos em que a CIV é pequena e não compromete a função cardíaca, o bebê pode ser monitorado periodicamente para avaliar se o defeito se fecha espontaneamente.
Nos casos moderados e graves, em que há sintomas importantes ou sinais de sobrecarga cardíaca, o tratamento pode envolver o uso de medicamentos para reduzir o esforço do coração e, em alguns casos, a cirurgia para correção do defeito.
O procedimento cirúrgico pode ser feito por meio de correção aberta, onde o defeito é fechado com um enxerto ou pontos, ou pelo fechamento via cateterismo, utilizando dispositivos específicos para selar a abertura. A escolha da técnica depende do tamanho e da localização da comunicação interventricular.
Vamos conversar?
O diagnóstico da comunicação interventricular em recém-nascidos é um processo fundamental para garantir um tratamento eficaz e evitar complicações a longo prazo. Os avanços nos exames cardíacos permitem detectar essa anomalia com precisão, possibilitando um acompanhamento adequado desde os primeiros dias de vida.
A identificação precoce da Comunicação Interventricular e o monitoramento contínuo são essenciais para determinar a necessidade de tratamento e garantir um desenvolvimento saudável para o bebê. O avanço das técnicas de imagem e dos procedimentos cirúrgicos tem proporcionado melhores prognósticos para crianças com essa condição, permitindo que muitas delas tenham uma vida normal após o tratamento adequado.
InfantisCor
Dra. Cleibel Rivera
CRM: MA-7460
Pediatra e Neonatologista
Dra. Nayanne Castro
CRM: SP-172209
Pediatra e Cardiologista
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