Características clínicas da PCA em Recém-Nascidos
Postado em: 25/03/2025
A persistência do canal arterial (PCA) em Recém-Nascidos é uma condição cardíaca congênita que ocorre quando o canal arterial, uma estrutura fetal essencial para a circulação antes do nascimento, não se fecha espontaneamente após o parto. Esse canal, que conecta a artéria pulmonar à aorta, deve se fechar nas primeiras horas ou dias de vida para permitir a adaptação do sistema circulatório do bebê.

Quando isso não ocorre, o fluxo sanguíneo continua passando de forma anormal, sobrecarregando o coração e os pulmões. Entenda!
O que é a PCA em Recém-Nascidos?
Durante a gestação, o canal arterial é essencial para a circulação fetal, pois permite que o sangue faça a circulação pulmonar, já que os pulmões ainda não estão em funcionamento. Após o nascimento, com a primeira respiração do bebê, esse canal começa a se fechar naturalmente, garantindo que o sangue passe pelos pulmões para ser oxigenado.
No entanto, em alguns recém-nascidos, principalmente prematuros, esse fechamento não ocorre como deveria, resultando na persistência do canal arterial. O tamanho da abertura e a quantidade de sangue que passa por ela determinam a gravidade do quadro e a necessidade de tratamento.
Fatores de risco para a PCA em Recém-Nascidos
A persistência do canal arterial é mais comum em bebês prematuros, mas também pode ocorrer em recém-nascidos a termo. Alguns fatores aumentam o risco dessa condição, como:
- Prematuridade, pois bebês nascidos antes das 37 semanas têm um desenvolvimento incompleto dos mecanismos que promovem o fechamento do canal.
- Baixo peso ao nascer, principalmente em bebês com menos de 1.500 gramas.
- Síndrome de Down, que está associada a uma maior incidência de defeitos cardíacos congênitos.
- Histórico de infecções intrauterinas, como a rubéola congênita, que pode afetar o desenvolvimento cardíaco.
- Uso materno de certos medicamentos durante a gestação, que podem interferir na maturação do sistema circulatório do bebê.
A identificação desses fatores de risco permite um monitoramento mais cuidadoso do bebê nas primeiras horas e dias de vida.
Características clínicas e sintomas da PCA em Recém-Nascidos
Os sinais clínicos da “PCA em recém-nascidos” podem variar conforme o tamanho do canal arterial e a quantidade de sangue que passa por ele. Em casos leves, o bebê pode não apresentar sintomas evidentes, e a condição pode ser descoberta apenas durante exames de rotina.
Quando o fluxo sanguíneo anormal é significativo, podem surgir sintomas como:
- Sopro cardíaco, identificado pelo pediatra durante a ausculta do coração. Esse é um dos primeiros sinais de alerta.
- Dificuldade para respirar, pois o excesso de sangue nos pulmões pode causar esforço respiratório.
- Respiração acelerada e irregular, indicando sobrecarga pulmonar.
- Dificuldade para mamar e fadiga extrema durante as mamadas, devido ao esforço excessivo do coração.
- Sudorese excessiva, especialmente durante a alimentação, reflexo do aumento da demanda cardíaca.
- Ganho de peso insuficiente, pois o bebê pode gastar muita energia apenas para manter a circulação funcionando adequadamente.
Nos casos mais graves, a persistência do canal arterial pode evoluir para insuficiência cardíaca, uma condição que exige tratamento imediato para evitar complicações mais sérias.
Como é feito o diagnóstico da PCA em Recém-Nascidos?
O diagnóstico da PCA em recém-nascidos é baseado na avaliação clínica e em exames de imagem que permitem visualizar a estrutura do coração e o fluxo sanguíneo.
O ecocardiograma com Doppler é o exame mais importante para confirmar a presença da PCA. Ele permite visualizar o canal arterial e medir o fluxo anormal de sangue entre a artéria pulmonar e a aorta, determinando a gravidade da condição.
O eletrocardiograma (ECG) pode ser utilizado para avaliar a presença de sinais de sobrecarga no coração, especialmente nos casos em que há comprometimento significativo da circulação.
O raio-X de tórax pode revelar sinais de aumento do coração e excesso de líquido nos pulmões, o que indica sobrecarga cardíaca e pulmonar devido ao fluxo sanguíneo anormal.
A oximetria de pulso pode ser usada para medir os níveis de oxigenação no sangue. Em casos mais graves, pode haver queda na saturação de oxigênio, sugerindo comprometimento da função respiratória.
A realização desses exames permite confirmar o diagnóstico e definir a melhor abordagem terapêutica para cada bebê.
Tratamento da PCA em Recém-Nascidos
O tratamento da PCA EM RECÉM-NASCIDOS depende do tamanho do defeito e da presença de sintomas. Em alguns bebês, especialmente os prematuros, a condição pode se resolver espontaneamente com o tempo, sem necessidade de intervenção.
Nos casos em que a PCA causa sintomas significativos, pode ser necessário:
- Uso de medicamentos, como indometacina ou ibuprofeno, que ajudam a estimular o fechamento do canal arterial em bebês prematuros.
- Monitoramento clínico, especialmente em casos leves, para acompanhar a evolução do quadro e determinar a necessidade de intervenção.
- Correção por cateterismo cardíaco, um procedimento minimamente invasivo que pode ser indicado para bebês a termo com persistência significativa do canal arterial.
- Cirurgia cardíaca, necessária em casos mais graves, quando o fechamento do canal não ocorre espontaneamente e há risco de complicações.
A decisão sobre o tratamento ideal depende da avaliação da equipe médica e da resposta do bebê às abordagens iniciais.
Possíveis complicações da PCA não tratada
Se não for diagnosticada e tratada adequadamente, a persistência do canal arterial pode levar a complicações como:
- Hipertensão pulmonar, devido ao aumento do fluxo sanguíneo nos pulmões.
- Insuficiência cardíaca congestiva, quando o coração não consegue bombear sangue de maneira eficaz.
- Infecções pulmonares frequentes, devido à congestão nos pulmões.
- Risco aumentado de endocardite, uma infecção grave que pode afetar as válvulas cardíacas.
Essas complicações reforçam a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado para garantir o bem-estar do recém-nascido.
Vamos conversar?
A persistência do canal arterial em recém-nascidos é uma condição cardíaca que exige atenção e acompanhamento especializado. Embora alguns casos possam se resolver espontaneamente, é fundamental que os bebês com essa condição sejam monitorados para evitar possíveis complicações.
O diagnóstico precoce, por meio de exames como o ecocardiograma e a avaliação clínica, permite que a equipe médica determine a melhor abordagem terapêutica, garantindo um tratamento eficaz e uma melhor qualidade de vida para o bebê. A identificação dos sinais clínicos e o acompanhamento neonatal adequado são essenciais para o sucesso do manejo da PCA em Recém-Nascidos.
InfantisCor
Dra. Cleibel Rivera
CRM: MA-7460
Pediatra e Neonatologista
Dra. Nayanne Castro
CRM: SP-172209
Pediatra e Cardiologista
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